O inicio nem sempre é fácil
Ora bem, vamos lá então falar do inicio.
Despedi-me em Junho deste ano com a certeza de que queria estar mais disponível para os meus filhos, mas com algumas dúvidas sobre o que iria fazer profissionalmente no futuro. Depois de muito pensar e analisar, abrir uma loja online de roupa feminina, pareceu-me uma excelente ideia por vários motivos.
Primeiro porque acho que tenho bom gosto e posso ajudar outras pessoas a se vestirem melhor e aumentarem a sua autoestima. Sim, acho que também podemos fazer isso através da roupa que vestimos. A roupa é uma segunda pele e tal como muitas mulheres se maquilham e pintam as unhas e o cabelo, a roupa também serve para nos sentirmos bonitas e isso é tão bom
Segundo, tendo um negócio online dá-me mais disponibilidade para fazer outras coisas. Posso entrar ou sair ás horas que quero, seja para emergências ou só porque sim. Desde que tenha tudo organizado, dá tempo para muita coisa. E gosto tanto de não ter que dar satisfações a ninguém ou ter que pedir para sair mais cedo ou entrar mais tarde e no fundo não ter que pedir para viver a minha vida. Sei que não podemos todos ser patrões e existem coisas boas e más no meio disto tudo. Só temos de ver o que é melhor para nós e para alguns o melhor é trabalhar para outros e está tudo bem. Temos que fazer o que gostamos e sentirmos-nos bem com isso. Estamos por cá tão pouco tempo que o importante é sermos felizes.
E terceiro, não tenho dinheiro para abrir loja física. Daí ficar-me por enquanto só pelo online. Tenho poupanças que estou a utilizar para abrir este negócio (e que também não é barato) senão não seria possível despedir-me e avançar com qualquer negócio. Salvo raras exceções, temos que ter dinheiro para abrir um negócio. Só se for prestações de serviços e não precisarmos de ferramentas ou algum tipo de aparelhos é que podemos iniciar sem dinheiro e não estou a ver mais nada assim de repente. Isto de ser empreendedor e nos reinventarmos é muito giro, mas sem dinheiro é complicado. Como muita coisa na vida, não é verdade?
Continuando, em Junho despedi-me e saí da empresa em meados de Julho, pois ainda tinha dias de férias por gozar. Os miúdos estavam de férias e a pequenina ainda não tinha regressado à creche. Comecei por pesquisar e ver como é que iria abrir o meu negócio. Isto de não se ter um plano como deve ser torna o inicio bem mais complicado. Mas pronto, um passo de cada vez. Em Agosto dei inicio de atividade nas finanças e comecei a procurar fábricas e fornecedores com que pudesse trabalhar. Que belo mês para contactar alguém. Claro que ninguém me respondeu a e-mails ou atendeu chamadas. Calma, era o que eu pensava. Tudo se vai resolver. Até que em Setembro resolvi, enviar mais e-mails e reenviar os de Agosto. E lá começaram a surgir respostas. Umas boas, outras más e ainda outras que ficaram eternamente por responder. Pelo menos poderiam ter respondido só para dizer que não. Mas pronto, é assim. Cada um gere a sua empresa como quer.
Vou só contar as boas, não me sinto no direito de falar negativamente de algumas empresas. Não acho correto. Umas das primeiras a me dar a mão, foi a Pano de Fundo, que é um representante e distribuidor de algumas marcas, como a Artigli, XT Studio, Tom Tailor, Fly Girl, Maryley e muitas mais. Estão situados em Vila Nova de Gaia e em Setembro lá fui eu rumo ao norte conhecer o espaço e escolher a coleção Primavera/Verão para o próximo ano. Das marcas que eles representam só escolhi peças da Artigli, XT Studio e Tom Tailor, pois como não são muito baratas e estou a começar, não me posso esticar muito e mesmo assim acho que me estiquei demais. O objetivo era também conseguir roupa para esta coleção Outono/Inverno, mas como se escolhe com 6 meses de antecedência, só a de Primavera/Verão de 2021 é que ficou garantida. Mas eu queria começar já e então continuei a contactar empresas e descobri a Ozono e que maravilhosa descoberta. A Ozono é uma marca portuguesa e tem umas calças de ganga excelentes. O contacto foi feito todo pela internet e o primeiro toque nos tecidos só foi feito quando recebi a 1ª encomenda. E adorei. São tão confortáveis e macias que dá gosto usar. Já para não falar nas pessoas ou neste caso na pessoa, que só falei com uma, que é simplesmente espetacular, simpática e super prestável, o meu muito obrigado Aliás o meu muito obrigado à Pano de Fundo e à Ozono que sem eles nada disto seria possível.
Desde o inicio que queria apostar no mercado português, seja fábricas ou fornecedores e encontrei outra marca portuguesa que me respondeu e olhem que obter respostas não tem sido nada fácil e positivas então, contam-se pelos dedos de uma mão. A marca foi a Nakuro que tem roupa elegante e muito gira que me arranjou umas peças para esta estação. À venda neste momento, tenho roupa das marcas Ozono, Artigli, Maryley, Nakuro e Rut & Circle (esta é de outro representante que consegui assim por milagre) e outras marcas que consegui através de uma plataforma portuguesa de revenda, mas que não fiquei fã. Consegui também alguma coisa Rut & Cicle para o próximo ano. Menos mal. A coleção Primavera/Verão de 2021 está garantida e não demorando muito já estou a escolher a do próximo Outono/Inverno.
Não tem sido fácil este começo e penso que posso destacar aqui alguns fatores. Além de eu ser completamente inexperiente nesta área, sou também inexperiente no mundo dos negócios e como estou agora a dar os primeiros passos, ainda tenho muito para errar, experimentar e voltar a errar, porque estamos sempre a aprender. Depois, esta altura de pandemia em que muitas pessoas perderam os seus empregos ou têm salários em atrasado ou então têm o seu futuro incerto, também não ajuda a consumir. As pessoas evitam algumas coisas e a roupa não é uma prioridade, se não comprarem este ano, compram para o próximo, ou não. Tudo bem que as compras online aumentaram, mas existem milhares de lojas online, porquê escolherem a minha e ainda por cima não tenho coisas assim tão baratas quanto isso à venda. Não é fácil. E mais ainda, eu não percebia nada do mundo online e vocês aí perguntam, se não percebes nada do online, porque é que te meteste num negócio exclusivamente online? Ok, não precisam de bater. Eu sabia os riscos que corria. Por acaso não sei se sabia bem, mas agora sei
O marketing no meio disto tudo é fundamental e estou a aprender a mexer-me neste mundo. Sim, não tenho dinheiro para pagar a profissionais e por isso tenho que ser eu a fazer tudo. Esteja bem ou mal feito, é o que há. Já tinha Facebook e o Instagram só aderi em Março deste ano. Nunca fui de postar muita coisa e nem de falar da minha vida privada. Não sei se é da idade (39) mas consigo entender melhor o público do Facebook, agora o do Instagram está difícil. Confesso que ando ali um bocado a patinar. Talvez porque o Instagram vive de momentos e não de venda de produtos e eu não tenho postado momentos. Tenho mostrado a roupa que tenho à venda. Só assim, com fotos das roupas e mensagens e imagens apelativas, digo eu, porque os resultados não mostram nada disso. Viciei-me no Canva que é um editor de imagens e faço uns posts que eu acho super giros, mas que o pessoal do Instagram não acha muita piada. A maior parte das pessoas que têm inúmeros seguidores, postam momentos da sua vida, momentos perfeitos. É raro vermos coisas reais por ali, mas é disso que aquele público gosta. De coisas perfeitas e momentos inesquecíveis. Nada contra. É bom sonhar. E gostamos de ver. Eu gosto de ver. Claro que só sigo aqueles que eu acho que têm conteúdo interessante, mas outros até só sigo porque postam coisas que me fazem sorrir. No Facebook tenho tido feedback, estou a aumentar os seguidores, as pessoas perguntam-me sobre preços e tamanhos, mostram-se interessadas, por acaso tenho mais procura por números maiores, o que eu não tenho muito, o máximo que tenho é o L ou o 40. Pelo que tinha pesquisado, os números maiores não eram muito procurados. E toma lá e embrulha, que se eu tivesse números grandes, já tinha feito umas quantas vendas. No Instagram continuo ali parada, paradinha. Melhores dias virão. O Google esse então é outro mundo. Pedem-me um balúrdio pelos anúncios. E por isso ainda não fiz nenhum. Eu sei que já devia ter feito, que estou a perder potenciais clientes e que não posso viver só do Facebook e Instagram e que seguidores não são clientes. Eu sei isso tudo, mas isto não é fácil. E fazendo contas ao que tenho gasto com os anúncios do Facebook e Instagram, já não me sobra muita margem de lucro se vender a roupa toda que tenho (essa é outra, se não vender tenho prejuízo). Quanto mais se ainda for fazer os anúncios no Google. Mas não me vou escapar e para me conhecerem, vou ter mesmo que os fazer. Ah e também existem os Marketplaces que ainda não explorei. E outro fator que não menos importante, mas que já me ia esquecendo. Moro no Algarve e ter acesso a fábricas e fornecedores é bem mais difícil. Para me deslocar ao norte, que é onde estão a maioria das empresas deste ramo, gasto dinheiro. Dinheiro esse, que não sei se vou recuperar com as vendas. A longo prazo até pode ser, mas agora não. Pelos preços que eu vejo algumas pessoas venderem a roupa, tiro duas conclusões, ou vão diretamente à fábrica e compram em grandes quantidades ou é chinês. Eu não consigo sequer comprar ao preço que muitas delas vendem, quanto mais vender. E realmente é verdade, comprar roupa feita em Portugal é caro. Por isso, muitas empresas apostam no fabrico em países em que a mão de obra é mais barata. É que senão, a roupa tem que ser vendida a preços altos e nós não temos assim tanto poder de compra. Mas eu não desisto de apostar nos nossos. Quer sejam fabricantes ou fornecedores. A nossa economia tem que crescer e cada vez mais devemos apostar no que é nosso e não ir comprar lá fora.
Resumindo, isto não está fácil, mas cada dia é melhor que o anterior. Há sempre mais uma aprendizagem, vou vendo o que resulta e o que não funciona. Vou aprendendo, vou errando, vou caindo e vou-me levantando. E assim é a vida. Uns dias melhores que outros. Mas o que eu gostava mesmo, é que isto tudo já estivesse bem alinhavado quando for para vender a coleção Primavera/Verão. Porque aí sim, eu investi muito dinheiro. Quer dizer, para mim é muito dinheiro
Ah isto tudo para não falar do facto de que sou muito esquisita, assim a um nível muito superior e escolher roupa para vender tem sido uma dificuldade extrema. É que gosto de pouca coisa e depois tenho que me esquecer que não sou eu que tenho que gostar, mas sim quem vai comprar e isto gera uma série de conflitos internos, porque eu tenho dificuldade em vender coisas que não gosto. E quando eu recebo as encomendas e vejo que ali uma linha fora do sitio ou algo do género, dá-me logo uma coisa má. Para mim, a roupa tem que ter qualidade, por isso, não aposto em roupa barata, que seria muito mais fácil de vender. Se eu não acreditar no produto não consigo vender. Se houve algo que aprendi a ser nesta vida é honesta e sincera, entre outras qualidades e defeitos
Bem, já me alonguei um bocado. Até ao próximo post e quem estiver a ler isto, não se esqueça de me seguir no Facebook e Instagram e visitar o site e assim se quiser só como quem não quer a coisa, fazer umas comprinhas, eu agradeço
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